PROJETO VOLTADO A PRESERVAÇÃO E SOLTURA DE TAMANDUÁS DESENVOLVE TRABALHO IMPORTANTE EM UBERLÂNDIA

Uberlândia
Foto: banco de imagens

A ocupação humana avança a cada ano no Brasil. Como consequência da expansão urbana, as áreas nativas vão se tornando cada vez mais escassas, isoladas e desconectadas de outros ambientes semelhantes. A perda de hábitat, associada à implantação de rodovias em todo o país, implica em uma grande ameaça à conservação da fauna silvestre.

Os Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres recebem anualmente milhares de animais oriundos de tráfico, posse irregular, resgates e entregas voluntárias. O Projeto ASAS – Área de Soltura de Animais Silvestres (Portaria IEF N° 182/2013) permite que eles sejam devolvidos ao seu ambiente natural com maiores chances de adaptação e sobrevivência.

Cadastrar propriedades rurais propícias à reabilitação e soltura de animais silvestres em Minas Gerais é o principal objetivo do Projeto Asas. O programa identifica áreas que possuem estrutura adequada para receber os animais. Para isso, são realizados levantamento faunístico, caracterização e avaliação da propriedade.

Para a reabilitação e soltura dos animais silvestres, o Instituto Estadual de Florestas -IEF firma uma parceria com fazendas particulares cujo proprietário está disposto a oferecer uma área para construir um recinto de reabilitação, e cuidar dos animais, até a data da soltura, de forma voluntária.

O Projeto TamanduASAS foi criado no ano de 2017, como uma expansão do Projeto ASAS. Diante do elevado número de filhotes de tamanduás-bandeira órfãos após atropelamento de suas mães, e na tentativa de evitar que a destinação destes filhotes seja o cativeiro, o Projeto TamanduASAS, em parceria com o Ministério Público do Meio Ambiente e as organizações sociais Nobilis e ICAS, desde 2017, vem se dedicando a esta espécie de uma maneira especial.

O objetivo do TamanduASAS é cuidar dos filhotes de tamanduás do aleitamento ao desmame, e desenvolver com uma equipe multidisciplinar de profissionais, um método de reabilitação para posterior soltura do animal. O projeto visa aprimorar os conhecimentos sobre a espécie em cativeiro para contribuir com o manejo, destinação e conservação do tamanduá-bandeira no Brasil.

As ações do projeto fazem parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Tamanduá-bandeira no Brasil (Portaria IBAMA/ICMBio nº 355 de 2019). O PAN Tamanduá-bandeira e Tatu-canastra abrange e estabelece estratégias prioritárias de conservação para duas espécies ameaçadas de extinção constantes da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, classificadas na categoria VU (Vulnerável) – Myrmecophaga tridactyla e Priodontes maximus.

O TamanduASAS está inserido na Ação do PAN de aprimorar o manejo integrado para a conservação (ex situ e in situ), considerando a viabilidade genética e sanitária das populações das espécies-alvo. Sendo um projeto pioneiro no Brasil, o resultado das atividades desenvolvidas no TamanduASAS, servirão para a elaboração de um protocolo, para servir de referência para outras instituições que recebem tamanduás no Brasil.

O projeto TamanduASAS possui seis áreas de reabilitação e soltura de tamanduás-bandeira e trabalha com uma soltura branda, oferecendo, portanto, alimentação em comedouros externos ao recinto, como suporte para a adaptação à vida livre. As portas do recinto de reabilitação permaneceram abertas, dando liberdade para os tamanduás entrarem e saírem, respeitando seu comportamento.  

Coletes rastreadores são colocados nos tamanduás-bandeira, para que eles possam ser monitorados após a sua soltura. Desta forma, a equipe pode avaliar sua sobrevivência e adaptação em vida livre. 

O TamanduASAS despertou um interesse enorme para a conservação, quando relacionou diretamente a educação ambiental, e a criação de unidades de conservação. O projeto fomentou a criação de uma Unidade de Conservação, a RPPN Retiro Águas Vivas, localizada na zona de amortecimento do Parque Estadual do Pau Furado (municípios de Uberlândia e Araguari). O trabalho de mobilização de proprietários rurais para a criação de unidades de conservação e corredores ecológicos vem sendo desenvolvido com êxito. 

Neste contexto, o tamanduá-bandeira se tornou uma espécie importante para criar e fortalecer a relação entre as pessoas e o meio ambiente, formar cidadãos conscientes e críticos e garantir que áreas preservadas continuem intactas.

O projeto possui uma rede de parceiros muito sólida, competente e comprometida que viabilizou em 2019 as primeiras solturas monitoradas no Brasil de tamanduás-bandeira órfãos, criados e reabilitados em cativeiro. Em 2022, o TamanduASAS realizou a décima soltura.

A equipe continua recebendo filhotes de tamanduás e se prepara para novas solturas monitoradas. Cada tamanduá-bandeira que passa pelo projeto tem uma nova chance de construir a sua história, e o TamanduASAS terá a oportunidade de contá-las.

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